fico fascinada de cada vez -- e é todos os dias, nas mais diversas formas, nos mais variados meios -- que alguém diz ou escreve 'a vizinha espanha'.
dando a entender, certificando até, que há outra espanha -- a que não é nossa vizinha.
que não é aquele país grande donde vêm os morangos enormes a saber a nada mais o resto das frutas dos hipermercados e as saladas pré-lavadas em sacos transparentes e os iogurtes e kefirs artesanais de cabra (que são a minha perdição) mais o corte inglés e a zara e a massimo dutti e a bershka e e e. e a hola e o casamento dos homossexuais e uma forma inversa de ler a mesma lei do aborto ou, como agora está na moda, os terríficos manuais de educação sexual que visam transformar as crianças em personagens do divino marquês (com sexo com animais e tudo)
a não ser que a espanha só seja nossa vizinha quando convèm. uma vizinhança, digamos, metafísica. electiva.
f.