Sei que o tema é chato. Arrisco-me, até, a provocar abalos na meteórica progressão que orgulhosamente registo no nosso “site meter”. Mas como não gosto de parecer arrogante - pelo menos perante quem me aborda polidamente - volto, por sugestão deste
amigo, ao problema da “análise” da “agenda da blogosfera”.
1. É, na minha opinião, impossível fazer uma análise rigorosa de toda a blogosfera (mesmo que só a nacional) – e foi isto que quis dizer desde o princípio. O objecto é de tal forma difuso que é impossível constituir amostras a partir das quais se possa proceder à análise da dita agenda. Pode-se, quando muito, analisar a “agenda” de partes da blogosfera (dos blogs de jornalistas ou políticos ou de arquitectos ou de mães-galinha, por exemplo). Mesmo assim acho complicado, porque uma coisa é a categoria “profissional” do blogger e outra é o conteúdo do blog. Uma coisa não se reflecte necessariamente na outra, pelo menos a tempo inteiro. (Por exemplo: aqui no Glória Fácil - que, para efeitos de rotulagem rápida, pode ser considerado um “blog de jornalistas” - passamos grande parte do tempo a falar de coisas que nada têm a ver com jornalismo ou com a área que todos acompanhamos, política nacional.)
2. Sendo que é impossível estabelecer-se qualquer tipo de amostra para analisar a blogosfera toda – pelas razões que já expliquei - essa lacuna será preenchida por mecanismos substitutivos. Receio portanto que entrem aqui os preconceitos – as agendas próprias, pessoais, históricas – de quem pretenda fazer, à mesma, a dita “análise” da “agenda da blogosfera”. Ou seja, que a “análise” seja feita para se adequar à “realidade” já mentalmente pré-estabelecida. Creio ser uma desconfiança muito legítima. E referi-la aqui pode ter um efeito preventivo.
3. É tudo o que se me ocorre dizer, meu caro Jorge Camões. Obrigado pelo mail. E, de novo, pela gentileza que revelou. Mande sempre.