Nem o facto de um autocarro ter caído inteirinho numa majestosa cratera em Campolide, ou do PEC ter caído noutra em Bruxelas, nos permite fingir que não demos conta do facto noticioso do dia: nasceu o
Causa Nossa. Mais do importante é, acima de tudo, interessante.
É interessante ver que em Vital Moreira há, afinal, um adolescente de mochila às costas, bilhete do inter-rail no bolso das jeans, a descobrir Itália: “
Quanto me sobra o tempo (o que é raro, porém), pego no encantador roteiro veneziano de Corto Maltese, o meu herói de banda desenhada predilecto.”
É também interessante – embora não absolutamente surpreendente - perceber o que levou Jorge Wemans a aderir à blogosfera: o “
gosto da conversa – entre a cavaqueira, a crítica e o excesso próprio da polémica e do humor”, aliado à “
certeza de que não vai ser preciso contabilizar, nem saber quem paga, os custos desta outra forma de continuar a conversar”.
É interessante saber que Luíz Nazaré se assume desta forma: “
Sou pecador. Não aspiro à santidade nem cultivo valores de pureza.” E deixa-nos em pulgas a promessa: “
Que se lixem os consensos, as conveniências e o conservadorismo lusitano. Farei disso a minha causa.”
Tudo isto é interessante. Mas o verdadeiramente importante - dramático mesmo, diríamos – é a vastíssima colecção de banalidades/vulgaridades/clichés do politicamente correcto/e outros horrores inomináveis que detectámos no editorial do blog (que é daqueles editoriais à “novo” DN, sem autor).
Segue a lista:
1. "
Queremos contribuir para pensar Portugal e o mundo onde nos inserimos, para além da visão imediata dos calendários políticos e eleitorais."
2. "
Mas ele [o nome do blog] revela também metaforicamente o objectivo que nos move, ao serviço da causa do debate democrático numa perspectiva humanista e progressista. Uma causa nossa que gostaríamos de partilhar com todos os que quiserem juntar-se a nós."
3. "
Respeitaremos os cânones mais exigentes de um espaço público de opinião. Este espaço não pretende ser uma expressão fútil de confessionalismos pessoais nem de proselitismos ideológicos ou políticos."
4. "
Pretendemos privilegiar a discussão de ideias e a controvérsia dos argumentos. Discutiremos opiniões e atitudes, não atacaremos pessoas."
E agora a tradicional cereja no topo do conveniente bolo. Atentem bem nisto:
“
Queremos ser uma referência na esfera bloguística.”
Uff!
PS - Amanhã talvez se produza um comentário a outro hino à maçadoria incluído no mesmo blog, o post "Futuro".