Shyznogud perguntou ao Glória Fácil: "Como é ser jornalista em dias como o de ontem?" Respondo por mim,
only me.
[Para quem não sabe, o dia de ontem foi o dia em que, no Iraque, raptaram o Carlos Raleiras (TSF) e balearam a Maria João Ruela (SIC).
]
É difícil a resposta. Continua a ser, até que libertem o Raleiras
[mas a SIC começou exactamente agora a noticiar que essa libertação acabou de ocorrer, embora sabendo que ele ainda não se encontra numa situação completamente controlada
]. Mas enfim, só me ocorre um lugar-comum: um aperto no coração - angústia. Uma certa sensação de atordoamento. É importante aqui dizer-se que não conheço nem o Raleiras nem a Maria João. Ou seja: não há nenhuma componente pessoal na minha reacção.
Passado isto, racionaliza-se. No meu caso, sob a forma de irritação.
Irritação 1: Que algumas redacções tenham ligado para o telefone do Carlos Raleiras. Foi a tal ponto que a TSF se viu obrigada a fazer, em antena, um apelo para parassem com os telefonemas, explicando o que toda a gente devia ter pensado de início: que isso podia pôr em risco o jornalista. A estupidez humana não tem limites. E agora irrite-se comigo quem quiser.
Irritação 2: Juízos demasiado apressados sobre o amadorismo dos jornalistas envolvidos naquele incidente. Não sei se são juízos correctos ou não. Sei, para já, que são apressados. Calma.
Irritação 3: Comigo próprio. Queria poder dizer mais – saber mais para poder dizer mais. Mas não sei. Isso implica ter de me aguentar – o que em mim é completamente contra-natura. De todos os problemas é este o menor.
Irritação 4: Reconhecer razão a Paulo Camacho que ontem, na SIC, afirmou: “Bastava um dos jornalistas ter dito que avançava para todos os outros terem de o fazer.” Infelizmente é assim. Parece-me que está aqui o cerne da questão. A ver vamos.