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sábado, dezembro 6

Voyeurismo e sida (resposta a Sarah)

Cara Sarah,

Como escreveu uma vez, eu e outros fazemos da blogosfera um "lugar de risco". Pelo que aqui escrevo arrisco-me, gostosamente, a ser contrariado. É uma das coisas boas de por aqui andar.

Lendo o seu "post" abaixo transcrito verifico uma evidência: não há a mínima ponta de entendimento possível entre a sua apreciação daquele trabalho do Luís Osório e a minha apreciação. Temos posições diametralmente opostas. O que é naturalíssimo, dado estarmos a comentar um produto controverso.

Mas só alguns esclarecimentos:

1. Escrevi que a RTP já passou aquilo três vezes mas assumi não ter disso a certeza. Percebi que a Sarah também não está certa de que tenham sido só duas. Não há conclusões nenhumas a tirar de nenhuma das incertezas. São só isso mesmo.

2. Chamei "entrevista" àquele trabalho por mero facilitismo de linguagem. Admito todas as outras designações, nomeadamente a que lhe dá ("filme documental"). É uma questão absolutamente irrelevante, no meu entender.

3. Diz que nunca pensou encontrar "tanto moralismo" num jornalista da minha "geração". Quanto ao moralismo, confirmo: quando vejo coisas como aquela torno-me profundamente moralista. Sou radicalmente contra a espectacularização televisiva da intimidade entre um filho e um pai contagiado pelo HIV. (Mas alto lá! Não digo que o programa devesse ser censurado - nada disso! Sinto-me é no direito de dizer que aquilo é péssimo - digo-o, reafirmo-o, quantas vezes for preciso.) Já sobre a minha geração, peço desculpa mas não sei do que fala. O conceito de geração enquanto comunidade simultâneamente etária e de ideias é uma fraude.

4. Já assisti muitas vezes ao "jogo da verdade" entre duas pessoas. E já "vislumbrei" também "o que verdadeiramente se passa no interior de alguém". E juro-lhe que não foi preciso nunca ligar a televisão para isso acontecer. Aliás, digo mais: na televisão isso nunca acontece.

5. É tudo, por agora, se for caso disso.
|| JPH, 17:48

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