Cara Sarah,
Como escreveu
uma vez, eu e outros fazemos da blogosfera um "lugar de risco". Pelo que aqui escrevo arrisco-me, gostosamente, a ser contrariado. É uma das coisas boas de por aqui andar.
Lendo o seu "post" abaixo transcrito verifico uma evidência: não há a mínima ponta de entendimento possível entre a sua apreciação daquele trabalho do Luís Osório e a minha apreciação. Temos posições diametralmente opostas. O que é naturalíssimo, dado estarmos a comentar um produto controverso.
Mas só alguns esclarecimentos:
1. Escrevi que a RTP já passou aquilo três vezes mas assumi não ter disso a certeza. Percebi que a Sarah também não está certa de que tenham sido só duas. Não há conclusões nenhumas a tirar de nenhuma das incertezas. São só isso mesmo.
2. Chamei "entrevista" àquele trabalho por mero facilitismo de linguagem. Admito todas as outras designações, nomeadamente a que lhe dá ("filme documental"). É uma questão absolutamente irrelevante, no meu entender.
3. Diz que nunca pensou encontrar "
tanto moralismo" num jornalista da minha "
geração". Quanto ao
moralismo, confirmo: quando vejo coisas como aquela torno-me profundamente moralista. Sou radicalmente contra a espectacularização televisiva da intimidade entre um filho e um pai contagiado pelo HIV. (Mas alto lá! Não digo que o programa devesse ser censurado - nada disso! Sinto-me é no direito de dizer que aquilo é péssimo - digo-o, reafirmo-o, quantas vezes for preciso.) Já sobre a minha
geração, peço desculpa mas não sei do que fala. O conceito de geração enquanto comunidade simultâneamente etária e de ideias é uma fraude.
4. Já assisti muitas vezes ao "
jogo da verdade" entre duas pessoas. E já "
vislumbrei" também "
o que verdadeiramente se passa no interior de alguém". E juro-lhe que não foi preciso nunca ligar a televisão para isso acontecer. Aliás, digo mais: na televisão isso nunca acontece.
5. É tudo, por agora, se for caso disso.