O título é roubado (com a devida vénia) a um excelentíssimo post do
Liberdade de Expressão. O autor do blog, João Miranda, cita o ministro Bagão Félix
"
Impressiona-me, como ministro e cidadão, que a maternidade ainda seja, tantas vezes, discriminada nas empresas"
e
"é de lamentar esse tratamento rude e injusto dado à maternidade, quando a demografia é fundamental para o desenvolvimento do país"
e daqui conclui:
"
Note-se que Bagão não defende que as mulheres têm todo o direito à maternidade e que a maternidade é um bem em si para cada uma das mulheres.
O que Bagão defende é que a maternidade é um instrumento de poder colectivo que deve ser promovido porque o país precisa de se desenvolver. A mulher passa a ser uma mera produtora de trabalhadores jovens e eficientes. É a completa submissão dos individuos à pátria."
Noto que João Miranda teve a honestidade que não brincar com o assunto e "acusar" o ministro de "recaída esquerdista" ou coisa do género. Bagão Félix é um homem de direita, sempre o foi e nunca o escondeu - comportamento pelo qual deve ser parabenizado.
O que também se pode dizer, pelas declarações do ministro, é que a visão instrumentalista das pessoas ao serviço do Estado já não é, nos dias de hoje (repito: de hoje), uma marca da esquerda. O que se passa, parece-me, é que uma pessoa quando assume funções de responsabilidade no Estado passa a ver tudo ou quase tudo em função desse Estado. E isso é comum a gente de esquerda e a gente de direita.