Por via das circunstâncias, anda alguma esquerda (a do PS, claro, mas também a do Bloco) assustada com o populismo. O populismo que, em (alegado) nome das crianças da Casa Pia, quer fazer estátuas ao juiz Rui Teixeira e o transforma em Super Homem na capa do "DN". O populismo que quer, à viva força, provar que há "poderosos" (enfim, políticos) que, impunemente usaram dos seus privilégios enquanto poderosos para explorar, com os objectivos mais sórdidos do mundo, crianças indefesas internadas numa instituição do Estado.
Convinha, no entanto, alguma ponderação. E perceber que se a direita se entusiasma com populismos, a esquerda também o faz. Os populismos tacticamente em situação de pousio não deixam de o ser só porque não se manifestam.
Por outras palavras: é tão populista o juiz Rui Teixeira (que o PS agora detesta) como a procuradora Maria José Morgado (que no PS é actualmente adorada). Leiam um e outro. Hão-de reparar que a diferença é, afinal de contas, inexistente.