Miguel, se não fosse o José Afonso eu não tinha começado a ler a Lírica de Camões tão cedo. Ou se o meu pai não tocasse à viola as "Endechas à Bárbara Escrava", que José Afonso musicou para os "Cantares do Andarilho", que ouvíamos num daqueles gravadores monstruosos de fitas magnéticas, hoje preciosidades da arqueologia áudio. Ou se...
Para ti, aqui vão as Endechas à Bárbara Escrava, do Camões (não sou capaz de juntar a música, mas lembrar-te-às certamente). Chamávamos-lhe "Aquela Cativa". Um beijo (desculpem outros utentes por este post, não ácido é certo, mas eventual ou excessivamente intimista)
Aquela cativa
Que me tem cativo,
Porque nela vivo
Já não quer que viva.
Eu nunca vi rosa
Em suaves molhos,
Que pera meus olhos
Fosse mais fermosa.
Nem no campo flores,
Nem no céu estrelas
Me parecem belas
Como os meus amores.
Rosto singular,
Olhos sossegados,
Pretos e cansados,
Mas não de matar.
Uma graça viva,
Que neles lhe mora,
Pera ser senhora
De quem é cativa.
Pretos os cabelos,
Onde o povo vão
Perde opinião
Que os louros são belos.
Pretidão de Amor,
Tão doce a figura,
Que a neve lhe jura
Que trocara a cor.
Leda mansidão,
Que o siso acompanha;
Bem parece estranha,
Mas bárbara não.
Presença serena
Que a tormenta amansa;
Nela, enfim, descansa
Toda a minha pena.
Esta é a cativa
Que me tem cativo;
E pois nela vivo,
É força que viva.
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20170710