Há aqui alguns quilos de livros que menos prezo: foram ficando. Alguém os ofereceu e não foram para casa. Alguns porque estão aqui melhor - "Uma ideia para Portugal", de José Manuel Durão Barroso and so on - outros porque não foram para o lixo em tempo útil, ou porque algum dia podem servir para qualquer coisa. (Os que mais prezo não estão aqui ou apenas sobrevoam por dias)
No meio desta improvisada "estante", apareceu um "Dicionário de Citações" de Antero de Quental.
(Quando se chega a Ponta Delgada pela primeira vez o anfitrião leva sempre o visitante a passar junto ao Convento da Esperança e diz foi naquele banco que o gajo se matou)
Em J, de Jornais, está "compilada" esta citação:
"Labora em ilusão supor que é possível criar e fazer durar uma publicação superior em moralidade e ilustração ao nível moral e intelectual do público. É ilusão supor isso, porque não lendo ninguém senão o que lhe agrada, o público nunca favorecerá senão o que estiver à sua altura, e por isso o jornal, para durar, será sempre e necessariamente o espelho lisonjeiro do público e não o seu mestre severo. Os jornais só sobrevivem fazendo-se confidentes da comédia do público, das suas paixões, dos seus erros, das suas ilusões, e não os seus apóstolos".
A maior parte das conversas vem do século XIX ou dantes.