Glória Fácil...

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quinta-feira, março 18

Azorean Torpor

Ora vem a calhar este Azorean Torpor, de Vitorino Nemésio

Onde a vaga retumba eram as obras do porto:
Roldanas, guinchos, cais, pedras esverdeadas
E, na areia da draga, ao sol, um peixe morto
Que vê passar na praia as damas enjoadas.

A cidade? Esqueci. Um poeta é sempre absorto;
De mais a mais - talvez paragens abandonadas.
O que é certo é que entrei um dia naquele porto
Em que as próprias marés parecem arrestadas.

Porque a mais leve luz que se embeba na Barra
Embacia os perfis dos cais e dos navios
Em frente à linha do horizonte que se perde.

E um desconsolo, um não-partir nos pios
Das gaivotas sem céu que o vento empluma e agarra
Estilhaçando o arisco mar de vidro verde.
|| asl, 23:13

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