Glória Fácil...

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segunda-feira, abril 12

Albano

O único livreiro que foi meu amigo não o conheci numa livraria, mas num automóvel: deu-me boleia das Lajes para a Madalena do Pico e guiava a uma velocidade proibida. Na época, isso não me fazia muita impressão, mas o Zé Pedro chegou à Madalena branco. No dia seguinte, voltei a encontrar o livreiro no barco, no Cruzeiro do Canal. A primeira vez que desembarquei na Horta, às 9 da manhã, foi ao lado dele e foi ele que me levou direitinha ao Peters, e foi ele a única pessoa que alguma vez me convenceu a beber gin às nove da manhã.
- Isto quase não tem gin.
Só à hora do almoço, numa varanda do Hotel Fayal, soube que ele era livreiro. Disse-o outra pessoa.
- Não sabe que ele é livreiro?
Ele não tinha dito, mas já tínhamos falado do “Mau Tempo no Canal”, contara-me todas as personagens e já me tinha convencido a lê-lo. Foi nesse ano de 1992 que conheci Albano e o “Mau Tempo”.
A sua livraria, improvável no primeiro andar do Centro Comercial Solmar, em Ponta Delgada, passou a ser a minha casa em São Miguel. Albano ofereceu-me tantos livros que, muitas vezes, quando me apetecia algum esperava que ele saísse.
As manhãs de Ponta Delgada, que há tanto tempo não cumpro, eram assim: ou café na esplanada do Solmar e volta pela livraria do Albano, ou café no Central, junto à Matriz, com volta prévia pela Tabacaria Açoreana, ou pelo Gil. Nunca gostei muito da livraria do Gil. Gostava mais da livraria do José de Almeida, a Nove Estrelas, que tinha muitos livros sobre a açorianidade, na época em que essa coisa me ocupava excessivamente os dias.
O Albano foi uma das melhores pessoas que eu vi neste mundo e espero reencontrar no outro.
|| asl, 17:23

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