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segunda-feira, maio 3

A “merda” na III República (5º e último episódio)

Mário Tomé (UDP) tinha terminado um discurso atacando Eanes (então PR) por este não “correr com a AD do poder”. A honra do Executivo foi defendida por Lemos Damião (PSD).

Data: 06 JAN 83
Presidente (Leonardo Ribeiro de Almeida, PSD): Para um protesto, tem a palavra o Sr. Deputado Lemos Damião.
Lemos Damião (PSD): - O meu protesto é no sentido de, em primeiro lugar, pedir ao Sr. Deputado Manuel Alegre para que, com o seu talento, se possível, nos seus momentos de ócio, de boa disposição, faça uns versinhos ao Sr. Deputado Tomé, porque ele, simbolizando, ao fim e ao cabo, o povo, requer uns versos que todos nós, com certo gáudio, poderíamos aceitar de V. Ex.ª. É pena que o Sr. Deputado Mário Tomé, em vez de se chamar Tomé, não tenha outro nome. Se se chamasse Lacerda, eu, que não tenho jeito, certamente teria facilidade em lhe fazer uns versos...
Mário Tomé (UDP): - Se é para o mandar à merda, eu mando-o!
(…)
Manuel Alegre (PS): - Peço a palavra, Sr. Presidente.
Presidente: - Para que efeito, Sr. Deputado?
Manuel Alegre (PS): - Sr. Presidente, é para, muito rapidamente, dizer ao Sr. Deputado Lemos Damião que eu não tenho vocação para o tipo de rima que me sugeriu, pelo que a deixo ao seu talento poético.
Aplausos do PS.
(…)
Mário Tomé (UDP): - Queria apenas lamentar que o PSD, a AD ou aquilo que dela resta ponham nas mãos do Sr. Deputado Lemos Damião a defesa da «honra do convento». De facto, nem sei o que hei-de responder...

E pronto, é tudo. Esta é toda a "merda" que consta nos Diários da Assembleia da República dos últimos 30 anos.
|| JPH, 16:45

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