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sexta-feira, junho 18

Eduardo, ex-português

Eduardo nasceu no mesmo ano e no mesmo país que eu: o Portugal do Minho a Timor. Ele, na Cidade da Praia, eu por aí na metrópole. Vivemos nesse país, os dois, até à terceira classe.
Eu só conhecia a Inês, e mal. Nenhuma de nós conhecia o Eduardo, o António, Catarina e Tâmara. No Mindelo, aconteceu-nos aquilo a que se chama um “encontro excepcional”, que Abraham Moles dizia ser a coisa por que valia a pena andar neste mundo. Quando largamos o aeroporto, a Inês dizia o que eu não era capaz: “Nos últimos dois dias fui feliz”.
Passei a trocar “mails” com o Eduardo, textos onde partilhamos uma obsessão comum: o império, o fim do império, o colonialismo, e a nacionalidade em trânsito. Se lhe pergunto quando vem a Lisboa, responde lá mais para o Verão e junta: “À metrópole não se escapa”. Ontem, disse-me que quando for o Portugal-Espanha, “como ex-português”, vai torcer “pelo óbvio”. E o “ex-português”, assim meio a brincar, mandou logo um impropério contra a “detestável” Espanha – tudo isto foi o que nos ensinaram até à terceira classe, e depois. E percebi como o complexo português de “ex-colonizado” por Espanha tinha colonizado o meu “ex-português”.
|| asl, 22:31

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