...vivemos num tempo em que:
1. Temos (vamos ter) um primeiro-ministro a quem o respectivo partido recusou por diversas vezes a liderança do partido - e, por inerência, a candidatura a primeiro-ministro;
2. E que, agora, só irá conquistar o PSD, em congresso, sob completa chantagem: votar contra ele é votar contra o governo, logo é votar na oposição.
3. E em que um homem chega a presidente da Comissão Europeia depois (só depois) de ter protagonizado a mais severa derrota eleitoral de sempre do partido que chefiava;
4. Em que o Presidente da República despreza por inteiro as centenas de milhares de pessoas, para não dizer milhões, que votaram nele.
Como o João já notou, tudo isto indicia o pior: o mais profundo desprezo pelo sentido do voto de cada um. Isto bateu no fundo? Não, nunca bate no fundo - é sempre possível o pior. Ainda podemos votar, vá lá. Ou melhor: ainda podemos votar ou não votar.
Acontecimentos como os dos últimos dias tornam-me militante da oposição à ideia de voto obrigatório. Mas não duvido de que aqueles que me fazem sentir enganado serão os primeiros, agora, a pôr essa lebre a correr. Má consciência, é o que é.