O «Expresso» acabou. Não o jornal. O café, do Largo da Misercórdia, morreu.
Fizeram obras e agora parece um supermercado. Cadeiras e mesas novas em folha. Tudo muito asséptico.
Aquele era o café onde, para espanto meu (era eu pouco mais do que um adolescente), encontrava Herberto Helder, o poeta que detesta fotografias. Eram tertúlias literárias ao fim da tarde (com um ou outro mirone, como agora o autor confessa).
Agora já não há. Já não há café «Expresso». O senhor Carlos e o senhor Carlos (os antigos donos) não estão lá. Há muito que vinham a queixar-se da crise... Agora a crise venceu-os.
O café perdeu o cheirinho a bifanas. Da sopa de legumes. Tão tipicamente lisboeta!
Já não se ouvem as piadas do senhor Carlos.
A tertúlia literária do fim de tarde também morreu.
Morreu com o «Expresso».