A tese do dr. Paulo Portas, na entrevista de ontem à RTP 1, é, manifestamente, uma manobra táctica. Não pode estar a falar a sério. Mesmo citando os tais constitucionalistas de esquerda...
O que o dr. Portas quer é tentar que o PS diga que alianças fará se não tiver maioria absoluta em Fevereiro. O dr. Paulinho das feiras quer colocar-se nos focos do filme da campanha eleitoral.
O que o dr. Portas diz – ser o PS a ganhar as eleições com maioria relativa e menos de 115 deputados, mas serem PSD e CDS, se tivessem, juntos, mais de 115 deputados, a formar Governo – é uma forma de pressionar o engº José Sócrates a ir ao terreno de jogo do CDS numa lógica de bipolarização em que o PP quer o papel principal, pondo o PSD do dr. Santana Lopes em segundo plano (desfocado). Assim, o dr. Portas já podia gritar nos comícios: «Cuidado! Vem aí a esquerda.» Com ou sem PCP, tanto faz. É a esquerda!
[Eu, por acaso, até gostava de saber o que é que o engº José fazia. Lá ia ele para os braços dos bloquistas, por muito que ele não quisesse. E se fosse, já agora, não seria nem crime nem escândalo nenhum. Era precisa, isso sim, muita ginástica para o eng.º Sócrates, ilustre representante do Bloco Central, aceitar a taxa Tobin...]
Mas este argumento do dr. Portas podia fornecer um contra-argumento fantástico! Imagine-se o engº Sócrates a dizer que, com esta táctica, o CDS e o PSD querem ganhar as eleições na secretaria se as perderem nas urnas! Uau!! Que belo argumento para a dramatização do discurso para o PS pedir a maioria absoluta.
Com o Paulinho das Feiras outra vez à solta, a campanha promete. Todos os dias. Com epifactos-políticos todos os dias. Para já não falar naquele argumento fantástico de que os ministros do CDS é que são bons [e os do PSD até nem por isso...] A bem da Nação e da saúde da coligação que (já) não existe.