A entrevista começa com duas perguntas sobre o humor em Portugal, mas a terceira, naturalmente, vai directa à rota da "Caras". "
Nos afectos também se deve procurar qualidade?", pergunta a Caras. Nuno Artur Silva responde assim: "
A maneira das pessoas se relacionarem do ponto de vista da intimidade está a mudar para um território que ainda não sabemos bem o que é. Os modelos literários que nos serviram de orientação para instalarmos os nossos desejos mudaram todos. Os paradigmas da paixão ou do amor estão em causa. Passou-se a viver de forma muito consumista".
Isto é o começo. Mas quando fala na "dificuldade de combater a falta de tempo", fezem-lhe logo a pergunta: "
Mesmo no amor?". Nuno responde: "
Primeiro, é preciso perguntarmos o que é isso do amor. É uma daquelas palavras que já estão gastas (...)". Ainda apanhou com a pergunta "
Já viveu um mau romance?" que, para sorte dele, não foi parar ao título, porque Nuno responde "
Já vivi", embora depois elabore sobre as virtualidades dos maus romances e dos erros, "
um erro numa relação, um erro na vida, às vezes é mais produtivo e enriquecedor do que um acerto". Enfim, Nuno reconhece que "
a exposição contribui para a ligeireza que acaba sempre por ter resultados negativos no trabalho". De caras.