hoje acordei com a tsf (bom, na verdade tendo a acordar com a tsf. felizmente mudaram aquela música choque eléctrico dos noticiários) a contar a história das operárias têxteis que se prostituem para arredondar o salário. de dia na fábrica, à noite na estrada ou na rua ou no vão de escada ou, diz um senhor do sindicato, 'numas casas que há'.
grande parte da notícia era sobre se os maridos sabiam e colaboravam ou não. uns sabem, outros não, foi a conclusão. parece que há uns que estão desempregados e ficam no café ou na tasca da terra a jogar às cartas o dia inteiro e a emborcar bujecas e não dão por nada (só darão por ter dinheiro, milagrosamente, para pagar as ditas, mas o que é que isso interessa. Taditos, estão a beber para esquecer ou mesmo para não tomarem conhecimento de terem uma mulher puta. e com um bocado de sorte, quando chegarem a casa, ainda lhe acertam um enxerto por os fazer passar tamanha vergonha). parece que há outros que levam as mulheres ao local de engate e depois vão buscá-las. não mencionaram o caso de um ou outro que ficasse nas redondezas, para o que desse e viesse.
também não falaram de nenhum marido a quem tivesse ocorrido dar também o corpo ao manifesto.
dizia o jornalista, a introduzir a peça: há no vale do ave operárias têxteis que trabalham de dia e se prostituem à noite. interessante escolha de palavras. portanto à noite não estão a trabalhar. estão a quê?
é por estas e outras que o politicamente correcto introduziu a expressão trabalhadores do sexo. e é por estas e por outras que o politicamente correcto faz tanta falta. é por estas e por outras que é tão enervante ouvir as pessoas falar do politicamente correcto como se fosse um critério de correcção partidária, ou lá o que é que pensam que é.
é por isto tudo que às vezes só me apetece passar à luta armada (sim, sim, estou outra vez irritada, e sim, sei que isso faz mal à saúde, prejudica a pele e de um modo geral me faz uma pessoa menos agradável. not looking to be loved, though. not by everybody, at least)
f.