Seria interessante, para variar, que começássemos aqui uma guerra dos sexos. Isto não pode ser sempre a mesma coisa, esquerda/direita, esquerda/direita, esquerda/direita. Aliás, já surgiram uns ensaios, num interessante confronto entre a Fernanda Câncio e o João "Terras do Nunca" Fernandes. Um confronto, aliás, que nos permitiu a todos ver algo nunca visto na blogosfera (e digo-o sem nenhuma ironia): alguém a defender o políticamente correcto e as suas razões (aqui temos todos a mania, eu inclusivamente, que somos politicamente incorrectos).
Mas eu, porém, não vou por aí, pela guerra dos sexos. Por várias razões, que, bem vistas as coisas, se resumem numa só: a Fernanda toda a razão do mundo (ler post abaixo intitulado "ó jph desculpa lá"). Concedo isso sem custo nenhum. Mas sei, ao mesmo tempo, que voltarei a repetir a brincadeira do "mud wrestling" feminino (ler o post intitulado "A pena que eu tenho"). É algo que a que não resisto (o velho problema do escorpião e do crocodilo). Como, no humor, - era o caso, embora admita que falhado - é praticamente impossível fazer qualquer coisa sem que isso atinga alguém (ou um qualquer grupo) - não há volta a dar: a escolha seria autocensurar-me para lá de um limite (para mim) aceitável.
É esse, aliás, o problema do politicamente correcto: choca de frente com a natureza humana, o famoso "zé germano". Impõe balizas demasiadas estreitas (e com tendência para se ir estreitando) ao pensamento e à sua versão pública, a linguagem. Para sobrevivermos, temos de pensar que valemos alguma coisa; e para pensarmos que valemos alguma coisa temos inevitavelmente de o fazer pensando que somos melhores do que alguém (um indivíduo ou um qualquer grupo). Podemos fazê-lo assumindo de frente a guerra; ou então recorrer ao humor, que permite saídas airosas (na lógica do "é carnaval, ninguém leva a mal").
Portanto, pode ser assim: eu digo inconveniências e a "f." zanga-se comigo; a "f." diz inconveniências e eu zango-me com ela. E zangamo-nos todos uns com os outros. E assim, a discutir, iremos aprendendo umas coisas. Em havendo bom senso, parece-me melhor que o silêncio e a anos luz de uma coisa bem pior, um silêncio unilateral. Acho - modéstia à parte - que esta solução é um verdadeiro ovo de Colombo. Não achas, Fernanda?
PS - Entretanto, agradeço a Louis du Malle (anaturezadomal.blogspot.com) a ajuda que me deu (ver "Melheres socialistas"). Leiam o primeiro comentário, do FNV. Exprime com grande clareza o meu pensamento original sobre esta interessante matéria.