Pus o nome de um familiar no Google. Só para ver no que ia dar. Deu-me não o familiar que eu queria mas o seu avô, que tinha o mesmo nome. E continuei à procura. Dei com uma sessão da Câmara dos Deputados, em 1918, onde se falava dele. Tinha sido demitido de administrador de um concelho pelo governador civil do distrito (Coimbra, no caso) e o povo estava revoltado. Um deputado levou o assunto ao plenário parlamentar. O ministro do Interior explicou a demissão com o facto de o meu parente ter dado uma entrevista a um jornal de que o governador civil não gostou. E prometeu o "inquérito" do costume.
Soube também, nas minhas "pesquisas", que o meu parente era, na sua cidade, um "importante" e "respeitado" maçon (cruzes!). Mas o mais interessante foi o ter percebido que, em 1913, os estudantes da cidade lhe dedicaram uma canção (simpática, por sinal). E que essa canção nasceu de incidentes entre estudantes e polícias que viriam a marcar, durante muitos anos, o dia da Queima das Fitas (27 de Maio).
Enfim, permitam-me que partilhe este orgulho. Mas sobretudo que saliente, nesta (preguiçosa) busca, o papel de um blogue (Cartasportuguesas.blogspot.com) e, ainda mais, o "site" do Parlamento. Se repararem bem, estão lá transcritos (debates.parlamento.pt) todos os debates parlamentares desde a Monarquia Constitucional. Ora isto é um trabalho de um valor documental único, incalculável. Isto sim, é das tais coisas que faz pelo progresso do país. Mas, que eu saiba, ainda não vi nenhum dos seus responsáveis ser medalhado pelo sr. Presidente. Para isso os critérios são outros: aparecer muito na "Caras", por exemplo. Ou promover debates televisivos chatos como a potassa.