Glória Fácil...

...para Ana Sá Lopes (asl), Nuno Simas (ns) e João Pedro Henriques (JPH). Sobre tudo.[Correio para gfacil@gmail.com]

sexta-feira, julho 1

Quatre-vingt qualquer coisa

Como é que se chama aos "soixante-huitards" dos anos 80? Quatre-vingt quê? Eu sou isso. O Coliseu estava cheio disso, e também dos nossos pais que já gostavam do Variações e dos nossos filhos doidos pela Maria Albertina. Nos anos 80, nós éramos uns miúdos entalados entre a geração do Saldanha Sanches que achava que era dona disto e os filhos do 25 de Abril, que haveriam de ser um futuro melhor. Nós éramos os irmãos mais novos, os lorpas, os que só tinham apanhado com as consequências infantis do Estado Novo. Os que não tinham levado nos cornos. Alguns de nós ficavam a ouvir de boca aberta os chatos dos "soixante-huitards" e ainda apanhávamos com a nostalgia das nostalgias deles, o que era anacrónico. Virámo-nos para a música: o JPH para o Morrisson, a f. para os Joy Division e eu, mais simplória, provinciana e eventualmente nacionalista, para António Variações. Aquela filosofia rompia com os nossos amigos "soixante" portugueses

eu só estou bem onde eu não estou
eu só quero ir
para onde eu não vou


e com algumas secas da época.

Se a cabeça não tem juízo
O corpo é que paga
Deixó pagar deixó pagar deixó pagar
Se tu estás a gostar

Ou o lirismo da Deolinda de Jesus.

Depois, o homem foi-se de uma doença que afectava a imunidade. Foi assim que foi noticiado, na época. Uma doença que interferia com o sistema imunitário. Nós passámos ao lado. Não queríamos saber.

|| asl, 18:13

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