Não sejamos ingénuos, como me parece que o
Paulo Gorjão está a ser ao afirmar que "
salvo excepções pontuais, quem não tem credibilidade não tem audiência". As excepções, sendo "
pontuais", são graves e até já foram mais (o "caso" Muito Mentiroso") podendo perfeitamente poder voltar a sê-lo. Eu não subestimaria as "
excepções pontuais".
Além do mais, a questão não é de "audiência" - que é escassa, apesar do crescimento do fenómeno blogosférico nacional - mas sim de "influência". Como bem explicou o
Filipe Santos Costa, no Diário de Notícias, "
os blogues de política são bastante lidos nas redacções dos media tradicionais e, desta forma, condicionam em certa medida o olhar da comunicação social". Por outras palavras: os blogues falam para poucos mas falam para quem tem influência, para quem os pode ampliar nos tais 'media' tradicionais. E nos
media tradicionais há quem saiba distinguir o trigo do joio e quem não saiba (ou não queira, tanto faz). Um único blogue javardo pode condicionar toda uma campanha eleitoral ou um determinado momento político, como já aconteceu. E ninguém na blogosfera pode fazer nada contra isso, pelo menos em tempo útil.
Ao contrário do Paulo Gorjão parece-me que a blogosfera não tem, de facto, nenhum "
mecanismo de auto-regulação". Não o lamento nem deixo de lamentar. Constato o facto. Como, em questões de blogosfera, sou absolutamente liberal - contra "auto-regulações" e "códigos éticos" e regulamentos afins - assumo o meu conformismo. Limito-me, de vez em quando, a mandar para a casota os "manueis" desta vida. Não vejo outro caminho.