Manuel Alegre preferiu ficar onde estava e não avançar por dividir a esquerda. Até porque sabia que a sua candidatura a Belém estava condenada.
Em Viseu, notou-se tristeza nas palavras do poeta. E azedume nas palavras do político.
O deputado-poeta queria ir às eleições, mas o seu ex-amigo Mário Soares atravessou-se no caminho. E desistiu. O poeta não conseguiu levar a melhor sobre o político!!!!
Manuel Alegre escreveu um poema que Adriano Correia de Oliveira cantou nos tempos de resistência ao fascismo. A música é de José Niza.
Para quem nunca leu, cá vai o poema sem pontos finais nem vírgulas.
E alegre se fez tristeAquela clara madrugada queViu lágrimas correrem no teu rostoE alegre se fez triste como se chovesse de repente em pleno AgostoEla só viu meus dedos nos teus dedosMeu nome no teu nome e demoradosViu nossos olhos juntos nos segredosQue em silêncio dissemos separadosA clara madrugada em que parti Só ela viu teu rosto olhando a estradaPor onde o automóvel se afastavaE viu que a pátria estava toda em tiE ouviu dizer adeus essa palavraQue fez tão triste a clara madrugadaQue fez tão triste a clara madrugada