O domingo em Vilar de Mouros não tinha ninguém. Desse agrupamento, a maioria eram velhos com dores nas costas, velhos minhotos, velhos galegos, mas velhos cansados. Como eu, de resto. A imagem do Robert Plant não passou no ecrã gigante (para não se verem as rugas, we suppose, como já no ano passado tinha feito o Bob Dylan)
Quando o Plant acabou, os velhos todos, que como velhos a valer deveriam deitar-se cedo ou, pelo menos, ir trabalhar no dia seguinte a horas, foram-se embora. O Jorge Palma ficou a tocar para uma mão-cheia de resistentes (os velhos gaiteiros)e arrancou com uma canção em que comprimido rimava com deprimido. Nem sei o que vos diga. Mas ao menos o Palma deixou que a sua cara passasse no ecrã gigante e não está mal. Também não eram precisos os ecrãs gigantes: como estava lá pouca gente, mesmo deitada na erva e longe, uma pessoa conseguia ver bem o Palma (e já antes o Plant).
Novidades, novidades: as magníficas embora nojentas roullotes dos cachorros "Psicológico" vieram para fora do recinto, trocadas por uma instalação com ar limpinho mas que não se chamava "psicológico" o que, psicologicamente, perturbava logo o ambiente. As casas de banho continuam miseráveis (e quando se chega a velho repetir a experiência torna-se cada vez mais um non-sense), mas os rapazes passaram a ter uns urinóis "oficiais" ao ar livre, à vista de toda a gente (não posso descrever a instalação como deve ser, desviei os olhos comme il faut).
Vilar de Mouros é um contra-senso: é um festival para velhos, tem um cartaz de velhos, mas a erva, o deitar na erva, o andar quilómetros até à travessia da ponte, tudo é incompatível com a decadência dos corpos. (O meu, nesta altura do campeonato, já só está para o Coliseu). É um horror envelhecer na erva. Não volto mais.