Os jornalistas respondem muitas vezes aos comentários de que são alvo na blogosfera usando os
mails e as caixas de comentários dos blogues onde são criticados. É um direito que nos assiste.
Já outros profissionais gostam de comentar nos blogues o trabalho dos jornalistas mas sem aceitar, em troca, que o seu trabalho seja escrutinado. Cegos, nem entendem que assim não lhes assiste qualquer espécie de autoridade para criticarem quem quer que seja.
E, para que não restem dúvidas - e para que ninguém enfie injustamente a carapuça -, digo claramente de quem estou a falar. É do meu colega do PÚBLICO António Arnaldo Mesquita, que se atirou contra um tal de "José" na caixa de comentários
este post lido no Incursões.
Ora o Mesquita atirou contra este suposto "José" - magistrado do Ministério Público em Viana do Castelo - uma decisão judicial sua lá sua comarca, ao que o alegado "José" respondeu: "
Já disse que não faria aqui nenhum comentário sobre assuntos que dissessem respeito ao meu munus profissional e estou farto de escrever que não escrevo aqui nessa qualidade."
E o diálogo continuou, assinando o Mesquita com o seu nome (aamesquita) e o "josé" com o seu evidente pseudónimo. E o dito "josé", a certa altura, lá comentou o caso em concreto suscitado pelo Mesquita, violando o princípio, que ele próprio estabelecera, de não comentar o seu "múnus profissional" (meu Deus, que pomposidade, esta do "múnus"!).
E é assim que deve ser. Os senhores procuradores do Ministério Público têm uma profissão tão pública como os jornalistas - e quando falo em procuradores do MP falo em todos os outros operadores judiciais, juizes, advogados, polícias, etc.
Portanto, não podem estar à espera de criticar actos concretos de jornalistas e, na resposta, não serem criticados pelos seus próprios actos concretos. E, aliás, se fossem crescidinhos nem sequer tentavam argumentar como o sr. magistrado do MP "José" tentou no princípio da sua conversa com o António Arnaldo Mesquita. Porque depois são forçados a recuar. Fica-lhes bem, claro. Mas dá dó ver, isso dá.
PS - Li com atenção o
post do Paulo Gorjão sobre a constituição da blogosfera como "watchdog" do mundo político (e económico, suponho). Hei-de comentá-lo.