Glória Fácil...

...para Ana Sá Lopes (asl), Nuno Simas (ns) e João Pedro Henriques (JPH). Sobre tudo.[Correio para gfacil@gmail.com]

segunda-feira, outubro 10

Geografia eleitoral íntima

No meu prédio faz-se muita política, não sei porquê. A vizinha do 3º esquerdo, muito simpática por sinal, foi a candidata do Bloco de Esquerda à câmara municipal. Tivesse o povo oportunidade para a conhecer e ter-lhe-ia dado mais votos. Assim ficou-se pelos 167 (2,46%). Mesmo assim mais do que o senhor do r/c esquerdo. O CDS concelhio tem lá a sua sede. O presidente da concelhia foi o candidato "democrata-cristão" ao município. Só lhe deram 143 votos (2,11%). No meu prédio ganhou o Bloco. E no concelho a CDU, que há quatro anos tinha sido corrida.

As gentes, pelos vistos, não se deixaram comover com o novo "centro cultural" que o presidente da câmara do PS (e recandidato) fez junto aos antigos armazéns bacalhoeiros (há muito abandonados). E também não terão gostado do slogan imbecil que o senhor apresentou: "Este ano o Natal começa em Outubro". Não me parecem tipos que se deixem comer por parvos, os da minha terra. A única pessoa preocupada que vi foi a empregada ucraniana do cafézinho à porta de casa. Disseram-lhe que ganhou um comunista.

Isto foi na minha terra. Na outra que foi a minha terra, onde ainda estou recenseado, tudo na mesma como a lesma. O PSD ganhou outra vez. Ninguém se importa que andem há cinco anos a prometer demolir um famoso hotel junto ao mar para construir no seu lugar um mono mil vezes mais horroroso, a bem da saúde económica do sr. Stanley Ho. O PS há-de andar ali a penar durante anos por culpa de um ex-sindicalista da CGTP com tiques de actor italiano que só fez porcaria. Pelo Google Earth, passei lá no outro dia, na casa onde cresci da infância à adolescência e onde me fiz, profissionalmente, o que sou hoje. Está abandonada. Não sei do que estão à espera para lá pôr um belo condomínio.

E há ainda a outra minha terra. Aquela onde me fiz adulto, onde me hipotequei ao banco para comprar uma casa, onde aprendi a pagar contas no multibanco, onde me fiz pai, onde fui feliz como nunca fui noutro sítio qualquer. Ganhou um dos do "bando dos quatro", o Isaltino. Basta lá ir para perceber porquê.

Já na minha terra original, na primordial, onde nasci, por lá eles não se preocupam muito com eleições. Organizaram umas em 1992 mas o "camarada Presidentchi" não gostou do resultado. Armou um tiroteio infernal, matou uns quantos opositores e obrigou o seu principal adversário a fugir de regresso ao mato enfiado num caixão, fingindo-se de morto.

Uns anos depois mataram-no mesmo a sério e mostraram-no ao mundo vestido apenas com umas cuecas ridículas verdes e brancas, estendido no chão. Por lá o "camarada Presidentchi" não precisa de sobrinhos na Suiça que lhe guardem as economias - tem bancos e mais bancos que lhe tratam disso. Dizem que para o ano haverá eleições. É o que lhes promete, magnânimo, o "camarada Presidentchi". Por mim, não m'acredito. Mesmo que haja, não acredito. O povo, miserável, anda agora muito contente porque a selecção deles chegou ao Mundial. Assim que puderem invadem um país ao lado. Está-lhes na massa do sangue. E eu, que sou parvo, gosto deles assim mesmo.
|| JPH, 12:47

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