esse mito do jornalismo arquitectónico luso, jas, vai ser substituído ao leme do espesso pelo comendador da verdade.
ó, que saudades tenho já daquele paragrafear de que só ele tem o sortilégio, daquela partição de ideias como que em soluços de raciocínio, por não haver quem o surpreenda.
digam-me, digam-me que não vão impedi-lo de nos encantar a cada sábado com as suas subterrâneas (de tão fundas) reflexões.
que não vão cortar cerce tão viva argúcia, tão certeiro comando dos destinos do país, ele que tanta vez, sem falsa humildade, relevou a sua infalível influência sobre todos os poderes, e nos deliciou com a sua visão intíma de conversas privadas com os ditos 'grandes', vertida numa das publicações (nunca demais!) com que nos tem agraciado.
digam-me, digam-me que o espesso pode continuar a ser, de facto, um facto.
que poderemos voltar a ler 'como eu escrevi aqui em Julho de 1997..." ou "como eu já previra aqui nesta mesma página em Janeiro de 1988".
que o homem que vaticinou, com o visionarismo ágil que o caracteriza, a necessidade vital para o país de uma nova capital, construída de raiz ali para os lados de castelo branco, não foi convidado para certificar, na coreia do sul, o erguer do seu sonho (é sempre esse o destino dos nossos melhores: invariavelmente incompreendidos por cá, cumulados de honrarias no estrangeiro).
não pode ser. é demasiado grande a perda para um país já tão depauperado. lanço já daqui um apelo: ergamos uma muralha de preces para que não nos tirem uma das nossas últimas alegrias. convoquemos uma manif, façamos um abaixo-assinado, lancemo-nos, de joelhos ou de bruços, aos pés de quem pode impedir esta hecatombe.
jas já! ou, em alternativa, já jas!