Não sei, não li, se calhar estou a ser injusto, é provável, mas aqui vai: faz-me confusão a divulgação de intimidades (e contra aqui mim falo, que já caí nessa asneira, aqui no Glória Fácil). Falo a propósito das cartas de António Lobo Antunes à sua mulher (
D'este viver aqui neste papel descripto, edições D.Quixote) e do primeiro volume da autobiografia de Filomena Mónica (
Bilhete de Identidade, Alêtheia Editores). Os próprios podem jurar por tudo que nenhum exibicionismo os move - provavelmente até acreditam no que dizem. Mas só um hipócrita poderá garantir que não há voyeurismo na leitura destes dois livros. Os seus autores não podem deixar de o saber. E quem apela ao voyeurismo tem um nome - que não é só José Eduardo Moniz, também pode ser António Lobo Antunes ou Maria Filomena Mónica. Como se sabe, o voyeurismo e o seu reverso (exibicionismo) não reconhecem nem barreiras culturais nem sociais. São coisas da natureza humana.