a palavra liberalização persegue-me.
para ser justa, persegue uma série de gente, temas e discursos.
nunca percebi bem porquê, mas de cada vez que se fala de certas coisas -- drogas, eutanásia, aborto, etc, lá está ela, a liberalização, batidinha.
fala-se em descriminalizar o consumo das substâncias a que se costuma chamar drogas? os adversários da medida, num clamor de fim de mundo, dizem que vem aí a liberalização.
fala-se em legalizar a venda das ditas substâncias? horror, horror, é a liberalização.
fala-se de permitir a quem está doente sem esperança optar pela 'boa morte'? ai jesus que vai de liberalizar.
e, claro, fala-se em descriminalizar/legalizar o aborto até às 10 semanas? é o aborto liberalizado, aos molhos, quando, onde, a quantas semanas e por que raio uma mulher quiser.
é certo que detenho uma abissal diferença de opinião em relação aos partidários da manutenção de uma legislação que não impede abortos mas persegue as mulheres que os fazem. mas a minha diferença em relação a quem argumenta com base em ignorâncias e/ou desonestidades é mesmo total.
sobretudo quando se arroga a pretensão de botar discurso racional sobre o assunto e desconstruir as incongruências dos outros e mais não faz que atabalhoar umas frases e zumbir umas sentenças.
será que aí no sector faltam, para além de códigos penais e tratados internacionais, uns dicionáriozitos?