Soares e Jerónimo, dois candidatos de esquerda (um mais que outro), debateram hoje na RTP... por assim dizer, fazendo uma interpretação simpática da palavra "debate".
Tudo muito cordato, face à regra de não interromper o adversário. Soares fez o sinal (muito desportivo) de pedido de "tempo" (uma mão por cima da outra, em T) para interromper e atirar umas indirectas a Jerónimo.
Interromperam-se (contei eu) quatro vezes. Credo! Que falta de civismo! Jerónimo só interrompeu uma vez, com um aparte por causa da NATO.
Ambos do mesmo lado da barricada - a barricada anti-Cavaco - Jerónimo e Soares optaram por uma espécie de pacto de não-agressão, unidos na "luta" pela passagem (de um candidato da esquerda) à fase seguinte do campeonato presidencial, por assim dizer.
Agora, o debate Soares-Cavaco promete. Soares não vai resistir a interromper Cavaco - com ou sem sinal de "tempo". Aí, talvez o debate se assemelhe a um debate, em que os dois possam interromper-se para contra-argumentar.
[A frase da noite - "o árbitro que engoliu o apito" - é de Jerónimo, sobre o primeiro mandato de Soares em Belém].