adoro diospiros.
desde pequenina.
havia na quinta dos meus avós maternos um diospireiro enorme, junto a um dos poços, onde o meu pai apanhava aquela espécie de tomates gelatinosos e doces que depois arranjava para mim, num pires.
todo o ano perguntava, como as outras crianças pelo natal, pelo tempo dos diospiros.
a quinta já não é, o diospireiro também não. morreu quando os meus primos resolveram fazer um estábulo ao lado e o xixi das vacas ou coisa que o valha matou a árvore.
nunca perdoei aos meus primos (isso e outras barbaridades, como desenterrar o meu gato favorito para lhe verem o esqueleto e ajudar um tio meu a apanhar e dar sumiço a um dos meus cães porque tinha morto galinhas).
nunca esqueci o meu diospireiro e as suas delícias. e nunca mais comi diospiros tão bons (é um clássico).
mas continuo a tentar (é outro clássico). e não percebo por que motivo nos restaurantes me fazem a mesma cara de estranheza a cada investida, como se estivesse a pedir miolos de macaco ou gafanhotos fritos.
quero diospiros, raios. se há kiwis e mangas e outras tropicalices, que razão apresentam para ignorar um fruto japonês?
talvez seja só uma forma piedosa de me poupar à teimosia de tentar voltar ao sabor em que fui feliz. mas eu insisto: quero poder dizer que não é igual, aferir o mundo de diferença entre o adocicado produto das estufas israelitas e espanholas e aquele sombrio canto do pomar onde no chão se derramavam, num festim de abelhas, os mais maduros exemplares do meu fruto favorito, e o meu pai subia a um escadote para me colher o pecado.
o tempo dos diospiros é curto, de agosto a outubro, e se chover ainda menos. quando acaba fico triste. e apetece-me ter a quem perguntar: falta muito para ser outra vez?
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