da beleza dos homens.
nunca tinha reparado nessa história de as mulheres alegadamente não darem importância à beleza dos homens.
se não dessem importância a isso, davam importância a quê?
toda a vida falei com outras mulheres e outros homens da beleza de outras mulheres e outros homens. e confesso -- como confessei tantas vezes vezes de mim para comigo, de resto não sem uma certa mágoa e até remorso -- que mais depressa me apaixono por um homem bonito e não muito, digamos, brilhante, do que por um homem muito brilhante mas nada bonito.
claro que 'bonito' é um qualificativo essencialmente alquímico: para mim um homem bonito (quase a definição do que eu considero um homem muito muito bonito) é o gabriel byrne. por exemplo. claro que é também o gary cooper (bem mais clássico). ou o clive owen.
aquelas tretas que as pessoas respondem sobre o que as atrai mais em alguém -- tipo o sentido de humor, ou a inteligência, ou outra coisa qualquer desse género -- estão sempre depois do primeiro olhar, daquela espécie de reconhecimento que alguns dizem mais olfactivo que visual e se traduz numa vertigem instantânea, quase mística.
não sei o que é desejo -- ninguém sabe. e sei que sei menos hoje o que é o desejo do que sabia ou julgava saber há uns anos. a aprendizagem do desejo é uma desaprendizagem. é aprender a não saber. é reconhecer o maior e talvez o mais cruel dos mistérios: isso que faz uns bonitos e outros feios, sem apelo.