António Gancho morreu. O poeta maldito, louco. Literalmente. Viveu em “casas de saúde” – estava internado no Telhal, arredores de Sintra, desde 1967 – e escrevia uns poemas a descair para o surrealista. Lia Rimbaud e Rilke e não gostava que lhe pusessem o carimbo de surrealista. Nos seus momentos de loucura normal, dizia que era Pessoa, Luís de Camões, os poetas que lia e gostava.
Nasceu em Évora, em 1940. A solidão fez-lhe mal. A perda da mãe ainda pior e desde então não mais deixou os cuidados psiquiátricos nas tais “casas de saúde”. Em Lisboa, sentou-se à mesa dos surrealistas no Café Gelo, ninho do grupo de intelectuais e vadios que Luiz Pacheco apodou de “surreal lisboeto”.
Herberto Hélder, o poeta, guardou-lhe os poemas nos anos sessenta – antes e durante os internamentos no Telhal -, que foram editados mais tarde com o título
O Ar da Manhã (Assírio & Alvim). É, mais uma vez, Herberto que escolhe 11 dos seus poemas para a antologia
Edoi Lelia Doura - Antologia das Vozes Comunicantes da Poesia Moderna Portuguesa (Assírio & Alvim).
(Não há muitas fotos de António Gancho. Reproduzo esta de Miguel Carvalhais).
António Gancho morreu aos 66 anos. Um ataque cardíaco durante a madrugada, dizem os jornais.
Tu és mortal meu DeusNoite, vem noite sobre mim sobre nós
dá o repouso absoluto de tudo
traz peixes e abismos para nos abismarmos
traz o sono traz a morte
e vem noite por detrás de nós e sobre nós
e escreve com o teu negro
a morte que há em nós.
Livra-nos e perdoa-nos tudo
redime-nos os pecados
e enforca os nossos rostos em teu nome
In Poemas Digitais
canada goose jackets
ugg boots
dior outlet
10 deep clothing
yeezy boost
ugg outlet
pandora charms sale clearance
clarks shoes
ray ban sunglasses
polo outlet