Sim, o jornalismo de antecipação é daqueles assuntos que dão pano para quilómetros de mangas. Sim, de facto, como
diz José Pacheco Pereira (JPP), o perigo de manipulação é enorme. Daí eu ter
dito que este é um jornalismo "
onde o problema da confiança nas fontes mais se coloca" e ter referido, também, a extrema importância da experiência dos jornalistas que o fazem e dos respectivos chefes.
JPP fala, por exemplo, das antecipações de debates parlamentares. Por norma, sou contra. Por experiência vivida testemunhei não sei quantas notícias dizendo que o partido A ia dizer uma coisa quando, de facto, dizia essa coisa e outra ainda muito mais importante, verdadeiramente o
fillet mignon, que se "esquecera" de antecipar.
A antecipação servia para os que antecipavam terem duas notícias a partir de um único acontecimento. Eu cheguei, por exemplo - para grandes gargalhadas de camaradas meus, entre as quais uma tal de Ana Sá Lopes - a escrever que Fernando Nogueira (então líder do PSD e já fora do governo de Cavaco) se preparava para fazer um "discurso forte" do Parlamento. Ora quem conhece Fernando Nogueira sabe que isto é o mesmo que admitir a possibilidade de um periquito ladrar.
Assim, o que me interessa são (também) as antecipações a sério, em relação a assuntos de facto graves. Dou dois exemplos concretos, de um passado mais ou menos recente: a formação (ou não) de uma aliança pré-eleitoral PSD/CDS nas últimas legislativas; e o que iria fazer Sampaio ao PGR depois do caso "envelope 9". As notícias de antecipação multiplicaram-se em todos os sentidos, em ambos casos: foi noticiado que o PSD e o CDS iriam coligados e foi noticiado o contrário; foi noticiado que Sampaio iria cortar a cabeça ao PGR e foi noticiado o contrário.
Nestes dois casos, sabemos todos qual foi, no fim de contas, a notícia correcta. Lembro-me, além disso, quem falhou e quem acertou. É por isso - sabendo quem acertou - que falo da importância absolutamente central do factor experiência dos jornalistas para fazer este tipo jornalismo. É uma experiência que inclui o conhecimento exacto das fontes que se contactam, do seus tiques de linguagem, da forma como usam (ou não) do mecanismo das meias-verdades. É um território no qual a confiança dos jornalistas nas fontes significa
precisamente o contrário de reverência.
No fundo, o jornalismo de antecipação é como todos os outros: se for bem feito, deve ser feito; se for mal feito, não deve ser feito. Não vejo é razão - pelo contrário - para o rejeitar à partida apenas porque é muito arriscado. Aliás, nos jornais creio que isso é suicidário. Volto ao que escrevi no
primeiro post sobre este assunto: "
Às vezes, perante acontecimentos de agenda que serão merecedores de extensiva cobertura televisiva - e sabendo-se, portanto, que no dia seguinte dificilmente os jornais poderão dizer algo de verdadeiramente novo - a antecipação é o único valor noticioso acrescentado que um jornal pode dar aos seus leitores."
Sim, eu próprio não diria melhor.
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