Luciano Amaral, o nosso pequenito McCarthy, insurge-se na Atlântico contra o activismo esquerdista do cinema produzido em Hollywood. Dá exemplos concretos:
Syriana,
Good night, and good luck,
Capote,
Brokeback Mountain,
Capote,
Munich. Usa argumentos colhidos nos melhores manuais da demagogia miserabilista/populista tão cara ao dr. Salazar: "
'Denunciar' em democracia, do alto das mansões de Bel-Air, com dezenas de criados, amas ou assistentes, cabeleireiros e treinadores pessoais, não custa nem significa nada." (pág.12).
É claro que tudo isto foi escrito pelo nosso pequenito McCarthy em condições bastantes desconfortáveis: fardado de Marine, sobrecarregado como um burro com a M-16, o colete anti-bala e os óculos de visão nocturna, suado e empoeirado até aos ossos, nos curtos intervalos entre as suas arriscadas patrulhas pelas ruas de Bagdad.
Só pode ser: se "
não significa nada" produzir cinema anti-Bush "
do alto das mansões de Bel-Air", presumo que, por maioria de razão, também "
não significa nada" escrever a favor dos bravos soldados colocados no Iraque - como o nosso pequenito McCarthy já fez dezenas de vezes - sentado no quentinho de uma redacção ou de um escritório, a anos-luz, em distância e conforto, do caos de uma guerra.
Enfim: o nosso pequenito McCarthy lamenta que aos Clonneys e aos Spiebergs e aos Ang Lees e outros "
não custe nada" produzirem a sua propaganda ocidentalófoba. Por ele custaria alguma coisa, olá se custaria. Como custou, por exemplo, a todos os perseguidos do senador McCarthy. Anda nostálgico, o nosso pequenito McCarthy do Amaral. Já não se fazem filhos da puta como antigamente.