Glória Fácil...

...para Ana Sá Lopes (asl), Nuno Simas (ns) e João Pedro Henriques (JPH). Sobre tudo.[Correio para gfacil@gmail.com]

terça-feira, maio 23

Descarrilhou

Vi ontem o Prós & Contras (RTP-1). Pela primeira vez de fio a pavio. Dei a noite por ganha, devo dizer. E assim, pela enésima vez, vou voltar ao "caso Carrilho" e ao seu Sob o signo da verdade. O assunto interessa-me por várias razões: discute-se jornalismo; discute-se um livro (que li); discute-se um livro sobre uma campanha que cobri. Eis como vi o debate, interveniente a interveniente. Dizendo, desde já, que, apesar de às vezes ter sido demasiado vivo, me pareceu uma "conversa" importante e relativamente clarificadora.

Emídio Rangel: Esta sua condição recente de Grande Guardião da Moral Jornalística Nacional pura e simplesmente não pega, conhecendo-se o seu percurso. Tendo detido o poder que deteve, evidentemente não pode agora encenar um discurso virginal sobre o poder maléfico das agências de comunicação. E o mesmo se passa quanto à sua indignação face à exploração pela SIC do episódio do aperto de mão - logo ele, que foi quem por cá inaugurou a espectacularização dos debates televisivos. Ricardo Costa e Pacheco Pereira conseguiram colocá-lo perantes estas contradições. Em Rangel - como em Carrilho - o problema é o mesmo: não tem credibilidade para lançar este debate. O que é pena.

Ricardo Costa. Preparou-se bem. Não hesitou em protagonizar com Rangel uma espécie de parricídio público. Penso que ficou claro que no episódio do aperto de mão, Carrilho só mentindo é que argumenta que não sabia que estava a ser filmado. Fez bem em recordar que escassos dias depois do episódio Carrilho já sorria e cumprimentava Carmona. A indignação, pelos vistos, foi de curta duração. Para mim Ricardo Costa só se esticou nas suas longas explicações sobre agências de comunicação. Eles nesse mundo são maiores e vacinados, não precisam de ninguém que os explique. Fez muito bem em recordar a colectânea de entrevistas manipuladas (sem autorização dos co-autores) por Carrilho e o artigo deste sobre Morais Sarmento. São dois belos retratos do personagem.

José Pacheco Pereira. Esteve muito bem ao tentar sistematicamente puxar o debate para o livro e para a sua tese central: movidos pela inveja e comprados pelo imobiliário (através de uma agência de comunicação), vários jornalistas e comentadores destruiram a campanha de Carrilho. Este fugiu sempre a esta leitura do livro, fuga que só prova que o livro não passa da justificação de uma humilhante derrota através da colagem de uma série de "factos" através da invenção, adivinhação e processos de intenção. Parece-me que se conseguiu explicar bem ao acusar Carrilho de ter usado no livro todos os truques de que se queixa.

Manuel Maria Carrilho. Acabou o debate aos berros, completamente fora de si - enfim, Carrilho no seu "melhor", o "melhor" que o derrotou nas autárquicas e o voltou a derrotar ontem. Cobardemente, evitou sempre o tema da corrupção no jornalismo (repito: tema central do livro, basta lê-lo) porque, evidentemente, não tem sombra de provas para escrever o que escreveu. A esta hora já está a pensar numa vingança qualquer.

E pronto, é tudo. Vou fazer só mais um postinho sobre a "questão" Bárbara. Haja paciência.
|| JPH, 12:06

0 Comments:

Add a comment