Glória Fácil...

...para Ana Sá Lopes (asl), Nuno Simas (ns) e João Pedro Henriques (JPH). Sobre tudo.[Correio para gfacil@gmail.com]

quinta-feira, julho 27

coisas simples

não, bruno. e sim, bruno.não concordo que a existência do estado de israel não seja a questão -- é sempre a questão, nesta história. basta ouvir o que dizem os hezbollahs e os hamas, mas também, de um modo geral, todos os palestinianos, jordanos, iranianos e sei lá mais o quê (sabias que em algumas notas, hoje, do dinheiro da jordânia, a imagem que está estampada é a da cúpula dourada da mesquita da rocha, em jerusalém, como se fizesse parte do país?)tal como me parece óbvio que a sua existência pressupõe -- tem pressuposto desde o início -- um estado de guerra permanente.

a questão será assim, em primeiro lugar: porque é que a existência de israel pressupõe guerra permanente? porque é que achamos normal que toda a gente em israel faça tropa? porque é que achamos normal que cada israelita, seja judeu ou árabe ou outra coisa qualquer, saiba que pode explodir no autocarro ou na pizzaria ou na bicha do cinema em qualqur dia da semana? porque é que achamos normal que em israel se viva no sentimento de cerco permanente?

é disso que falo quando falo de programa bélico. israel existe ainda porque, como tu dizes, tem um poderio bélico 'superior'. existiria se não o tivesse?
existiria se não fosse uma sociedade militarizada? existiria se não desse mostras desse poderio e se não o usasse? existiria se não fosse mais rápido a disparar e não mantivesse o dedo permanentemente no gatilho?

mas é claro que, isto dito, posso discutir e discuto e sempre discuti tudo o resto. discuto os territórios ocupados e a forma como essa ocupação trata os habitantes palestinianos, discuto os colonatos, discuto os governos, discuto os discursos, discuto os crimes de guerra, discuto o tratamento dos prisioneiros, discuto os raides sanguinários, discuto a indignidade dos check points, discuto o estatuto de jerusalém.

discuto o orgulho selvagem dos israelitas, a forma como tratam quem julgam que não está por eles, a agressividade com que falam a quem eles julgam ser judeu e não viver em israel, e a atitude de eterna cobrança que acalentam em relação ao mundo.

discuto a mitologia. até discuto a identidade judaica. posso discutir tudo. mas, como diz cohen, when it all comes down to dust, se eu tiver de escolher, eu escolho. já escolhi. ou, se calhar, escolheram por mim.
|| f., 16:07

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