Glória Fácil...

...para Ana Sá Lopes (asl), Nuno Simas (ns) e João Pedro Henriques (JPH). Sobre tudo.[Correio para gfacil@gmail.com]

quinta-feira, setembro 28

apre

já não chegava a desgraça do que aconteceu na ópera de berlim, ainda tinhamos de ouvir gente como o vasco graça moura (esta manhã na tsf) a jorrar disparates sortidos sobre o assunto.

dizia o excelso deputado europeu e poeta e cronista e, aparentemente, homem de cultura, que a culpa é do politicamente correcto.

se há coisa de que eu estou verdadeiramente farta é de ouvir gente que tem a obrigação de saber usar as palavras usar a expressão 'politicamente correcto' a propósito de tudo e de nada. politicamente correcto, sr dr prof poeta deputado vasco graça moura, é exactamente o que o encenador fez: usou cabeças degoladas de figuras religiosas variadas e não só a de jesus ou só a de maomé ou só a de buda.

a decisão de suspender a peça é pura e simplesmente estúpida e pusilânime. e, como o vasco graça moura (também) disse, atraiçoa o espírito da europa.

misturar isso com o protesto de durão barroso sobre o facto de os líderes europeus não terem 'defendido' o papa é outro disparate. o papa é um líder religioso, disse o que quis dizer (ninguém me venha convencer que não sabia o que estava a dizer, não o tenho na conta de tontinho), e depois resolveu dizer que não era bem aquilo. ok, problema dele. a europa não é uma entidade religiosa. não tem de acorrer em socorro de nenhum líder religioso. só tem de se opor a reacções violentas e inanes, venham elas donde vierem, e defender a liberdade de pensamento e de expressão. era o que faltava que os governos europeus tivessem agora que andar a interpretar -- da forma mais benigna, claro, que há outras, como é evidente e foi bem frisado por rui tavares na sua crónica de sábado no público ('o paleólogo', ler no pobre e mal agradecido) -- discursos de líderes religiosos para explicar a outros líderes religiosos.

a europa não tem uma questão religiosa com o islão. e se o islão tem uma questão religiosa com a europa, não é por causa do cristianismo de certeza -- é por causa da laicidade. e não é por haver quem queira, de propósito ou por azar, frisar dicotomias religiosas, que vamos todos agora, de espada na mão, travar-lhe as batalhas. era mesmo só o que faltava.
|| f., 12:24

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