a cena do jornalismo de causas, o tal que eu supostamente pratico -- mas só quando estou a entrevistar o pedro arroja, a escrever sobre o aborto e o casamento das pessoas do mesmo sexo, os crucifixos nas escolas e a laicidade do estado e os direitos das mulheres e mais umas coisas de que agora não me lembro (é tanta causa que até eu me baralho), nunca quando faço reportagens ou posts sobre cuba, sobre a ponte aérea de 1975 das ex-colónias para portugal ou sobre a defesa da liberdade ocidental face aos fundamentalistas islâmicos ou, ainda, sobre a guerra do iraque e respectiva ocupação (aí estou só a ser 'séria' e 'isenta', claro)-- voltou a agitar os senhores (são sobretudo senhores, que querem?) sérios e isentos e 'preparados' da blogosfera.
não se preocupem: como o mercado resolve tudo, vai daí o assunto resolve-se em ninguém me lendo. ou acreditam nisso ou não são liberais não são nada. e já agora deixem de fazer tão liberalmente linques aqui para o glória e para o meu horroroso e escandaloso e fogoso (em 1994, claro, que, como estou cansada de dizer, cough, cough, isto já não é o que era) jornalismo e bloguismo de causas. se continuam assim, ainda alguém vai pensar que eu vos pago. e fiquem sabendo, se estavam a contar com isso, que não. (se isto não vos servir de
deterrence, resta-me desejar-vos que vos ides entreter a tomar medicamentos não testados previamente e assim. prometo que farei boas reportagens de causas sobre os processos que as vossas inconsoláveis famílias colocarão às farmacêuticas).
quem não sabe do que é que eu estou para aqui a falar, leia a entrevista feita ao economista pedro arroja há mais de dez anos que está postada abaixo e de um modo geral os blogues liberais do costume, aqueles em que há sempre um espertalhão que pergunta 'se ela lhe perguntou sobre o fascismo, porque é que não lhe perguntou sobre o comunismo?', sem obviamente perceber que aquilo a que se refere -- o sistema em vigor para lá daquilo a que se chamava 'a cortina de ferro' -- é uma forma de fascismo entendido como regime não democrático e totalitário e está subentendido na pergunta. apre, gentinha, informem-se um bocadinho antes de fazerem figuras dessas: a malta não é, claramente, desses lados.