Está na altura de explicar porque decidi demitir-me do Sindicato dos Jornalistas (SJ), onde estou filiado desde 1991 - e cuja direcção até integrei, em tempos, sob a presidência do António Matos (e com o actual presidente, Alfredo Maia, na direcção).
A decisão prende-se, evidentemente, com os textos que Anabela Fino, "jornalista" do "Avante!" e dirigente do SJ, escreveu no seu jornal sobre as
FARC e sobre o
11 de Setembro.
No texto sobre as FARC, Anabela Fino acusou os que referiram a presença desta organização terrorista na festa do "Avante!" de terem "raízes fundas no passado fascista em que militaram de corpo e alma" e do qual são "descendentes disfarçados de modernidade serôdia e muito cotão na entretela". Sinto-me evidentemente atingido por esta cretinice até porque fui dos que escreveu sobre o caso, no
DN, dando eco, nomeadamente, à indignação que percorria uma parte importante da blogosfera.
Já no do 11 de Setembro acusou basicamente todos os que não têm paciência para teses conspiracionistas - e sou um deles - de serem "a voz do dono" (isto é, a voz do Bush).
Desculpem mas não admito que uma "jornalista" militante de um partido e, além do mais,
funcionária desse partido, me venha dizer que sou a voz do dono. Eu? E ela, cujas contas são pagas por um partido, é a voz de quem?
Nãzo tenho nada contra - pelo contrário - jornalistas que assumem a sua família ideológica. Podem até, se isso não implicar conflitos de interesses, militar num partido (e tanto me faz que seja o PCP como noutro qualquer). Agora é para mim claríssimo que ninguém se pode considerar jornalista (sem aspas) trabalhando no "Avante!" (ou noutro jornal partidário qualquer). E muito menos ser dirigente do sindicato que me representa. E muito menos ainda acusar os que não concordam com ela de serem a "voz do dono".
Um sindicato dirigido por gente assim não vai a lado nenhum. E eu não vou a lado nenhum sendo filiado num sindicato dirigido por gente assim. Não é o meu sindicato, é o deles. Que ninguém me tente demover porque não vale a pena. Assim que a minha brutal inércia mo permitir comunicarei oficialmente ao SJ a minha demissão.