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quarta-feira, outubro 4

ainda a baixa, o plano, o estacionamento e a helena matos

diz helena matos, no blasfémias (isto está-se a tornar uma obsessão, ou quê?) que não vê nenhum problema em construirem-se/anunciarem-se mais parques de estacionamento para a zona da baixa (http://ablasfemia.blogspot.com/2006/10/cidadania-claustrofbica.html). fundamenta essa opinião no facto de haver muitos carros estacionados em cima dos passeios e no caminhos dos eléctricos e imensa dificuldade em encontrar lugar para o carro quando se vai à baixa.

não sei se a helena sabe, mas na zona da baixa chiado há:

o parque de estacionamento da praça da figueira;
o parque de estacionamento do martim moniz;
o parque de estascionamento da praça do município;
o parque de estacionamento do camões;
o parque de estacionamento da calçada do combro;
o parque de estacionamento do largo do carmo;
e, ainda, o parque de estacionamento dos restauradores.

além disso existem, salvo erro (cito de memória os números que encontrei precisamente no documento provisório do plano para a baixa chiado), 1800 lugares de superfície na zona em causa (que exclui os restauradores). é o próprio texto do plano que diz que só esta oferta de estacionamento de superfície é mais que suficiente para os residentes, sobrando bem para visitantes ocasionais. porém, comenta, a percentagem de estacionamento desregrado/ilegal ultrapassa os 30%. não diz, infelizmente, qual a taxa de ocupação dos parques pagos subterrâneos, factor que seria muito relevante para ajuizar da necessidade de mais parques e, sobretudo, da necessidade de uma fiscalização de estacionamento que év claramente inexistente.

como já escrevi aqui no glória várias vezes, eu vivo na baixa. o meu prédio, como quase todos os prédios da zona, não tem garagem. creio que a grande necessidade da baixa é a de certificar que quem lá vive tem a possibilidade de ter o carro em algum sítio nas imediações, pagando, obviamente, um custo por isso, de preferência não exagerado. há uns tempos, a câmara de lisboa anunciou que tinha feito um acordo com vários parques de lisboa para os residentes tivessem direito a lu8gares a preços baixos -- mas só para estacionamento nocturno. anunciavam o acordo como se fosse 'a solução' para o problema do estacionamento dos residentes do centro de lisboa, como se o problema do estacionamento do centro de lisboa não fosse predominantemente diurno e como se não fosse preciso encorajar as pessoas que vivem em lisboa a deixar o carro quietinho enquanto andam de transportes públicos.

assim, helena, não vejo, muito francamente, que a solução para os problemas que apontas e cuja existência é inegável e de resto muito me enerva passe por construir mais parques de estacionamento. construir parques de estacionamento nesta zona tem, além do mais, dois óbices: a da impermeabilização do subsolo numa zona que é de escoamento (por isso tem o nome de baixa -- conflui tudo para aqui e para o rio) e a de criar mais uns anitos de poeirada e obras numa zona que já tem problemas que cheguem. parece-me, isso sim, que algumas das promessas de santana lopes, nomeadamente a de restringir, à imagem do que se fez em londres, a entrada de carros no centro, tinham virtualidades. por outro lado, atendendo a que a polícia (psp e polícia municipal) claramente não está interessada em fazer o trabalho de fiscalização do estacionamento para que lhe pagam, deve optar-se, como também se faz em londres, pela contratação de empresas privadas que façam esse trabalho e reboquem os carros mal estacionados, recebendo uma percentagem das multas (ia ser remédio santo, estão a ver copmo eu também posso ser liberal de vez em quando?). creio aliás que bastaria que quem está habiatuado a deixar sistematicamente o carro em cima do passeio soubesse que passaria a ter de o ir buscar a um sítio qualquer no cu de judas e pagar uma batelada por isso para que os problemas de estacionamento da baixa (e da cidade toda) se desvanecessem por encanto, sem necessidade, pelo menos na zona da baixa, de mais parques. e creio também que anunciar que a resolução do problema pasa pela multiplicação de parques é uma irresponsabilidade, uma certificação de que a câmara não tem capacidade de pressionar a polícia para que faça o seu trabalho e uma cedência à mais pata brava das lógicas, não esquecendo que é a câmara que detém os direitos do subsolo e portanto que recebe pela construção dos parques.
|| f., 12:52

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