Glória Fácil...

...para Ana Sá Lopes (asl), Nuno Simas (ns) e João Pedro Henriques (JPH). Sobre tudo.[Correio para gfacil@gmail.com]

terça-feira, outubro 10

escusavam de se incomodar

paulo pedroso e rodrigo moita de deus sobre o significado de 'contra os canhões', o ribombante final do hino nacional. pedroso diz que é bélico e absurdo -- 'apelando a marchas, que seriam suicidas, contra canhões' --, moita de deus que é a ideia de abnegação e sacrifício pelo país.

eu, que acho o hino medonho, confesso que é do final que mais gosto. claro que 'canhões' será, como escreve pedroso, o som encontrado para substituir o original 'bretões'. mas esse apelo à marcha contra a barreira da morte comove-me desde que, em criança, uma tia me ensinou a letra e os acordes da canção. porque é insensata (ou absurda, como a vê pedroso) e magnífica (como, creio, a vê moita de deus).

deve ser a ideia de morrer por uma ideia -- ou talvez seja, simplesmente, a ideia de saber que ao fundo está a morte e mesmo assim avançar. nada de bélico nisso, nada sequer de hostil: é assim que tem de ser, não há outra maneira. no going back.

(sosseguem: não foi exactamente esta grandiloquência que presidiu à escolha, por mim e pela ana, do título da nossa página de opinião no dn. para dizer a verdade, pensámos em 'o esplendor de portugal', mas lobo antunes tinha chegado primeiro. ficou, então, 'contra os canhões', um contra os canhões irónico, bem humorado, ocasionalmente bélico e marginalmente abnegado ou sacrificial. uma espécie de: 'quantos são? quantos exércitos'?, versão salão).
|| f., 13:28

0 Comments:

Add a comment