no outro dia,
postei aqui um mail da teresa, enviado para o glória fácil. noutro blogue,
o autor linkou esse post e comentou-o.a teresa não gostou e o resultado foi este:
Teresa said... Bom dia.
Vi hoje que tinha comentado um email meu que a Fernanda postou no Glória Fácil.
Sem, mais uma vez, querer entrar em discussões, não me parece que tenha lido com o devido cuidado o que escrevi. Sim, tenho duas crianças e somos felizes. Sim, há quem tenha uma, sete, quatro e seja feliz também. Claro que não abortei, tal como as outras mães das outras crianças não abortaram, afinal nasceram, não foi? Pois, La Palisse não diria isto melhor.
O que quis dizer - e você percebeu, pois até se dá ao luxo de catalogar a minha decisão como boa(!!) - foi que é exactamente isso que quero - DECIDIR. Também digo que perante a iminência de ter de o fazer me vi perante todas as inseguranças que imaginar possa ( e sim, pode bem, pelo que li tem uma imaginação muito fértil, o que não deixa de ter piada quando se fala de aborto).
Tenho muita pena de o "desiludir" mas defendo, com unhas, dentes, cabeça e ventre a alteração da lei e o sim no referendo.
Saber como cada um de nós decide, se tiver, se quiser e sobretudo se o puder fazer, aí já não sei nem pretendo saber.
Para terminar, posso contar-lhe mais uma história. Quando a minha filha mais velha nasceu e a trissomia nos apanhou a todos de surpresa, as reacções na família foram várias, o que até é compreensível.Quando, dois meses depois, eu chorava baba e ranho num corredor de hospital porque ela estava a morrer, a minha mãe - que espero não leia isto - tentava acalmar-me explicando que talvez até fosse melhor assim, coitadinha da menina que era deficiente... Pois, a minha mãe, boa católica, vota NÃO e ter-se-ia oposto a um aborto, se me tivesse sido dada a oportunidade de decidir e se eu lhe tivesse pedido a opinião.
Sim, esté bem, pomos o tal Deus a fazer o nosso trabalho sujo não é?? Óbvio que depois da minha filha nascer não quero pensar que tal podia não ter acontecido, mas se vamos por aí também posso pensar que, naquela outra noite, se tivesse ido com o tipo podiamos ter feito aquela pessoinha fantástica que descobriria anos mais tarde a fusão a frio...
Estamos conversados, como diria a minha avó. E fica sempre bem terminar assim, com a citação de uma avó, também muito católica e que só teve dois filhos. Designios do Senhor ou pequenos truques caseiros? Vá-se lá agora saber...
Teresa 12/06/2006 10:41 AM
fernando alves said... Cara Teresa,
Já tinha referido que a considerava uma mulher de coragem e volto a afirmá-lo agora pessoalmente.
Compreendo as suas palavras, acredite, se bem que a Teresa sempre poderá afirmar que nunca na vida saberei o que vai o que é ser mãe. A Teresa foca nas suas palavras a vertente religiosa do problema. Sei que as contradições dos fiéis são muitas e, pelo que me diz, tem exemplos disso na sua família. Mas pelo que li, não decidiu dar vida à sua filha por razões de fé mas sim e somente por amor. Acredito que assim seja também com a maioria das mulheres e penso que se tiverem todas as condições físicas e emocionais nenhuma delas abdicará desse acto de amor. A Teresa lutou sozinha e conseguiu. A sociedade deve dar todas as condições que as mães que não o conseguem fazer sozinhas necessitam, sem olhar a credos mas sim com base na ética e no amor pelos mais desprotegidos.
Sou católico mas não defendo a vida porque algum padre ou bispo me dizem para o fazer. Defendo-a porque é essa a minha convicção e porque casos como o seu me convencem mais ainda a fazê-lo. Felicidades para si e para a sua filha. 12/06/2006 2:51 PM
Teresa said...E lá estou eu a fazer o que não queria - entrar em "debate".
Peço-lhe imensa desculpa, mas parece-me que continua a ler mal o que escrevi. Eu não escolhi nada. Só soube da trissomia da minha filha quando ela nasceu. Na segunda gravidez, e depois de ter feito uma amniocentese, verificou-se que estava tudo bem com o feto. Não tive de escolher. O que digo, e disse, é que se tivesse que escolher teria sido muito complicado.
Não, não lhe vou dizer que nunca na vida saberá o que é ser mãe, tal como não lhe diria que nunca na vida saberá o que é ser um gato.
Mas posso dizer-lhe que eu também nunca na vida vou saber quais são as condições físicas e emocionais necessárias e suficientes para se ter um filho. Não sei como se pesa, por onde passa a linha, quem decide, quando decide e já agora como se afere. Isso mesmo, segundo o dicionário, conferir pesos ou medidas por um padrão legal.Talvez fosse demasiado difícil esse padrão, ou demasiado perigoso, não acha? Talvez seja preferivel mudar a tal lei. Talvez não seja mau de todo estabelecer um prazo e dizer, sem vergonhas ou culpas, que até aí cada um de nós pode medir, com medidas que são só nossas, se tem ou não a tal estabilidade física e emocional que poderá permitir ter um filho.
Mas podemos até falar de ética, valores, opções do legislador penal.A pena prevista para o homicídio simples vai de 8 a 16 anos na nossa lei. Valor da vida a ser protegido com uma moldura penal que, para a nossa lei, é "pesada".
Pois é, se for um feto já não é assim. Quem abortar ou fizer abortar é punido até 3 anos. Quem fizer abortar, sem o consentimento da mulher, é punido de 2 a 8.... Qualquer coisa aqui é estranha. O valor da vida de um feto vale, no máximo, 3 anos de cadeia, mesmo que seja um feto de oito meses.O que poderá agravar este crime, e muito, é a falta de consentimento da mulher. Engraçado como afinal o nosso legislador, sem grandes referendos, debates e consultas populares, já há muito que decidiu que a vida de um feto, mesmo que perfeitinho, pronto a nascer e fruto de uma decisão cheia de boas condições físicas e emocionais, é bastante diferente do valor que essa mesma vida teria depois do nascimento. E também já há muito que decidiu que o corpo da mãe - não a vida, tão só a integridade física e psicologica, é muito mais importante que a vida do feto. Assim se explica que a falta de consentimento dela eleve as penas de aborto para um máximo de 8 anos e um minimo de 2.
Esta opção foi por acaso discutida? Não implica uma decisão ética na valoração da tal vida que, defendem agora, é igual desde o zigoto até ao bébé nestlé?
Contradiçoes não são só as dos fiéis, como refere e bem, são também as de todos nós quando começamos a discutir valores e tentamos dar alguns como certos sem, por vezes, fazermos mais e mais perguntas e compararmos os resultados.
E para acabar, e mais uma vez,falar de aborto não é falar de mães e filhos. Basta ir a uma qualquer maternidade para se notar a diferença - grávidas, puérperas e mães.E é assim que somos tratadas quando lá estamos12/06/2006 5:45 PM
fernando alves said... Ok, admito que falhei na interpetação dos seus textos. Pensava, efectivamente, que tinha tido conhecimento da trissomia 21 durante a gravidez. Já reli o texto e não compreendo como fui capaz de não ter reparado.
Quanto às suas dúvidas acerca da variação das penas de prisão entre os homicídios e o aborto por livre vontade ou imposto, compreendo o que pensa, mas esse intervalo existe porque nem todos os crimes são iguais. Alguns, os revestidos de especial crueldade, por exemplo, merecem uma pena maior. A diferença de penas entre as aplicadas aos abortos impostos e aos de livre vontade parece-me lógica. Não me parece tanto a diferença existente entre a pena atribuída a quem mata um feto com 8 meses e a pena atribuída a quem mata uma criança de dois anos. São ambos seres humanos indefesos.
Compreendo que não lhe agrade o debate acerca da questão do aborto mas entendo que o seu exemplo e a sua opinião, mesmo que seja a favor do aborto, são bem vindos e necessários a esse mesmo debate. 12/06/2006 6:56 PM
ah, é verdade: este fernando alves não é o fernando alves da tsf. nada de confusões.
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