A revista americana Vanity Fair, da qual sou fiel leitora (quando a apanho), tem como colunista o escritor Dominick Dunne, que se especializou nos últimos anos naquilo que ele chama "os crimes dos ricos e famosos". Na verdade, Dunne, que Gore Vidal já caracterizou como um escalador social com complexos de origem e obcecado pelo mundo da fama e da riqueza, conta tudo o que vem à rede sobre esse tal de mundo, utilizando um método muito particular: anda sempre com um caderninho (verde, se bem me lembro) onde toma notas de tudo o que lhe dizem (em jantares, almoços, recepções, festas, o que for).
Conta Dunne numa das suas crónicas que vai a correr para a casa de banho anotar as conversas "para não se esquecer". Em Portugal, não havendo assim tantos - que se saiba - crimes de ricos e famosos para inspirar alcoviteiros com a obsessão das grandezas e da ascensão social, os especialistas em divulgação de conversas privadas dedicam-se, sem prejuízo do calibre de devassa e deslealdade, a manigâncias de outra espécie. Nomeadamente, a decisões de administrações de empresas sobre sucessões directoriais e almoços com políticos, que dão origem não só a crónicas mas a livros inteiros, não um mas dois, no caso de José António Saraiva, o arquitecto que dirigiu o Expresso e agora idealizou o Sol. A descrição das ocorrências é tão detalhada (descontando os desvios narrativos de auto-lisonja) que se suspeita que, das duas uma: ou haverá muitas corridas à casa de banho para tomar notas ou recurso a sofisticadas técnicas de espionagem. O que não há, de certeza, é vergonha.(texto publicado hoje no dn, na coluna contra os canhões)
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