Glória Fácil...

...para Ana Sá Lopes (asl), Nuno Simas (ns) e João Pedro Henriques (JPH). Sobre tudo.[Correio para gfacil@gmail.com]

segunda-feira, janeiro 8

a levar em conta

não há só gente descabelada como eu na defesa do sim. também há os reflectidos e as reflectidas, sem impropérios, tampas que saltam nem estado de alma aparente e até, imagine-se, com maiúsculas.

assim é por exemplo a recém chegada à blogosfera marta rebelo, que aqui responde ao argumento dos efeitos perniciosos do aborto nas mulheres (tão tão preocupadas com as mulheres que andam estas gentes -- até ficaria comovida, xuif, xuif, se não me lembrasse de repente daquelas todas que vão parar às urgências com complicações de aborto clandestino, a esvair-se em sangue depois de enfiar não sei quantos comprimidos de citotec por elas acima e sem ninguém da plataforma não obrigada para lhes dar conforto e compreensão).

não conhecendo o estudo cujas premissas marta desmonta, gostaria de saber como se determinou que as mulheres que abortaram ficaram com tais predisposições DEPOIS de abortar -- andaram a ver como elas eram antes? seguiram-nas desde crianças? avaliaram-nas antes e depois?

este tipo de estudo faz-me lembrar aquela asserção muito comum nas discussões sobre drogas de há uns anos -- a de que as drogas 'leves' levam às 'duras'. porque, defendiam os cultores da teoria, a maioria dos heroinómanos tinha dado, numa qualquer altura da vida, umas passas de charro. causa e efeito, claro. faltava só saber uma coisa muito simples: quantas pessoas que deram e dão passas de charro 'acabaram' na heroína. ou, como me fez ver uma vez um heroinómano em recuperação, quantos heroinómanos beberam leite em crianças -- todos ou quase todos, logo...

há teorias para tudo. eu por acaso preferia saber quantas mulheres que recorreram ao aborto clandestino porque não podiam recorrer ao aborto legal ficaram com problemas de saúde causados pelas condições deficientes do aborto.

e quantas mulheres portuguesas levaram, nas últimas duas décadas, gravidezes a termo por o aborto ser crime.

infelizmente, a resposta a estas duas perguntas não está disponível.

mas há uma resposta que poderiamos tentar obter. quantas mulheres portuguesas que abortaram legalmente deram em alcoólicas, deprimidas e por aí fora? não querem investigar isso, srs do não?
|| f., 20:16

0 Comments:

Add a comment