estou saturada, saturadíssima, desta conversa. mas é mais um mês e meio -- ou, em alternativa, o resto da vida, se o não ganhar (a ver se convenço alguém com esta ameaça).
aqui vai, pois.
de todos os argumentos esdrúxulos do não (desculpem lá a falta de, como dizer?, amabilidade dialogante ou mais propriamente hipocrisia diplomática, mas a mim soam-me todos do mais esdrúxulo que se possa imaginar), o que mais me deixa boquiaberta é o daqueles que frisam a semelhança entre a lei espanhola e a portuguesa e defendem que não é preciso mudar a lei portuguesa porque esta poderia e deveria ser aplicada 'como em espanha'.
como em espanha, portanto, permitindo-se às mulheres que abortem 'a pedido' até às 12 semanas alegando razões de saúde psíquica? é mesmo isso que estas pessoas querem? é isto que querem dizer?
teremos pois de concluir que para estes defensores do não, a proposta referendária peca por dois motivos: prazo demasiado curto e excesso de honestidade. nenhum problema, então, em que as mulheres abortem até às 10 semanas (estes queridos até acrescentam duas de bónus) desde que pareça que não é por decisão delas.
a não ser, claro, que quem assim argumenta esteja a apostar no que é óbvio -- uma lei em vigor há 23 anos e há 23 anos aplicada de uma determinada forma nunca será aplicada de outra maneira.
que tal serem mulherzinhas e homenzinhos e assumirem, de uma vez por todas, o que realmente querem e o que realmente os apavora?