O 'sim' teve mais um milhão de votos do que em 1998 e para isso foi decisivo, como já toda a gente, o envolvimento (desta vez sem ambiguidades) do PS. Mas parece-me, lendo comentários aqui e ali, que há uma confusão entre o que o PS agora fez e algo chamado "mobilização partidária". Isso, no PS, não existiu (nem faz falta nenhuma).
O que existiu foi, isso sim, uma directiva política vinda de cima, executada depois profissionalmente por meia dúzia de funcionários que, com meia dúzia reuniões no Largo do Rato mais meia dúzia de telefonemas e, sobretudo, muito dinheiro, conseguem fazer forrar o país de
outdoors e milhares de panfletos, sem que para tal se exiga, como antigamente, o mínimo de mão de obra militante (e muito menos o respectivo intelecto). Tudo o resto é "comunicação" - e para isso tanto faz um partido ter mil militantes como cem mil.
Vive assim noutro planeta quem acha que a máquina partidária são milhares de formiguinhas espalhando por todo o lado, cegas de entusiasmo militante, a "boa nova" determinada pela cúpula do partido. Para o resultado do referendo não contou nada a "mobilização" do PS. Contou a decisão de Sócrates e o profissionalismo dos seus funcionários.