O Palácio de São Bento tem guarda permanente à porta – são dois soldados da GNR, com farda de gala.
Estão em sentido.
De x em x minutos, deixam a guarita, “marcham”, por assim dizer, e encontram-se a meio caminho num dos degraus cimeiros da entrada do palácio.
Faz parte dos rituais.
Ficam frente-a-frente e falam, baixinho, quase entredentes.
Tenho para mim que eles só fazem isto para comentarem o que se passou desde a última vez que estiveram frente-a-frente.
Já estou a imaginar o diálogo:
- Eh pá, ‘tá frio.
- Não sinto os pés…
- De quem é este carro aqui?
- Ah, deve ser do presidente do Parlamento turco.
- Turco? Mas o gajo não tem nada cara de árabe…
- Olha, olha!
- O quê?
- Olha ali aquela miúda…
- Ui, ui.