de tanto ver referências
a um post no insurgente, fui lá ver. vale a pena.
tem como título 'O POLITICAMENTE CORRECTO E O ADVENTO DO LOGO-TERRORISTA' e é de uma tal de patrícia lança, que deve ter achado (e com companhia) que estava a cravar uma lança em áfrica -- para usar uma expressão muito muito pouco politicamente correcta.
morceaux choisis:
'Para algumas almas ingénuas tratava-se de eliminar epítetos ou frases insultuosas que podiam ofender minorias. Para os ‘steel-hardened cadres’, tratava-se de uma técnica propositada para acabar com juízos de valor e colocar uma rolha na discussão de assuntos inconvenientes. Hoje o politicamente correcto, disseminado em vasta escala pelo mundo ocidental, funciona como uma imposição de relativismo moral e de uma censura.'
'Quando querem evitar a discussão da homossexualidade puxam logo da etiqueta de ‘homófobo’ para por fim à conversa.' (ó patrícia, por quem é. bóra aí 'discutir a homossexualidade', esse 'assunto tão inconveniente'. por que parte é que quer começar? eu gostava de começar pela parte da heterossexualidade, se não se importar -- agora nada de me chamar heterófoba, tá?).
'Outra técnica é de mudar da descrição normal e linguisticamente correcta para uma mais eufemística. Prostitutas e prostitutos são agora promovidos a ‘trabalhadores de sexo’.'
ai, o que eu adoro esta gente. 'normal' e 'linguisticamente correcto'. e porque não, patrícia, quengas? quengas e quengos. cróias. bruacas. courões. rameiras. pegas. perdidas. também diz que é linguisticamente correcto. como putas. outra expressão tão 'normal' e linguisticamente correcta.
também não se percebe, patrícia, porque é que se deixou de chamar 'escarumbas' aos negros. que diabo. uma palavra tão gira. e 'aleijados' aos deficientes. ou por que raio a palavra 'judiaria' há-de deixar de ser empregue como sinónimo de 'coisa ruim' ou 'maldade', e 'judeu' como sinónimo de avarento, mau carácter, aldrabão. e por que havemos nós de ensinar às crianças a não rir dos gordos e a não lhes chamar 'montes de banha', se é tão normal as crianças dizerem estas 'expressões normais' e quer 'monte' quer 'de' quer 'banha' são linguisticamente irrepreensíveis?
não, não se percebe. vai-se a ver e a patrícia esqueceu-se destes exemplos porque, sei lá, não lhe ocorreram. mas como a patrícia é uma mulher de princípios, e considera que 'chamar as coisas pelos nomes é o primeiro requisito de qualquer discussão séria', não se vai importar decerto que eu lhe pergunte de que é que estava exactamente a falar quando escreveu: ‘agora estamos confrontados com penas de prisão, até para crianças, pelos chamados ‘hate crimes’.
é que nós, os politicamente correctos, gostamos de ter a certeza da justeza dos nomes que chamamos. e eu preciso de mais esse elemento para ajuizar daquela que será a descrição linguisticamente correcta da patrícia.
adenda: ler o joão galamba,
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