Glória Fácil...

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terça-feira, maio 15

fala-se de tabaco, zangam-se os compadres

agora (quer dizer, há uns dias, mas só dei por isso agora) é o daniel. esta discussão tem o condão de me pôr de candeias às avessas com habituais companheiros de luta (eheh, adoro esta expressão).

o daniel tem razão em alguns pontos: a lei proposta corre o risco de ser demasiado draconiana/paternalista. concedo, embora considere que, ao contrário do que daniel prevê, nas prisões será, evidentemente, criado um espaço para fumadores -- as direcções prisionais não estão decerto interessadas em mais um motivo para problemas. Em relação aos lares: acho que a maioria dos lares deve ter um espaço exterior onde os idosos possam fumar, sendo que na maioria dos lares os idosos não estão propriamente presos. percebo a proibição de fumar nas instalações porque creio que o estatuto dos lares é semelhante ao de um hospital. creio que deve haver a possibilidade de criação de salas de fumo em empresas, claro. se deve ser obrigatória? francamente, não me parece.

quanto aos estabelecimentos de diversão, o problema, como o daniel está farto de saber, é bicudo. por um motivo: dado o hábito enraizado, se for dada a hipótese de escolha, todos os proprietários instituirão a possibilidade de fumar. e assim, não haverá estabelecimentos de diversão para não fumadores. presumo que o daniel, fumador, viva bem com isso. eu, não fumadora, vivi com isso nos últimos vinte e tal anos -- nos estabelecimentos de diversão nocturna e em todo o lado. se o daniel quer saber, embora suspeite que ele nãio quer, gostava de poder sair à noite sem chegar a casa imersa numa nuvem pestilenta de fumo. e gostava que os meus amigos que por motivos de saúde não suportam fumo de tabaco pudessem, de vez em quando, sair comigo.

a hipótese, aventada por alguém na net (perdoem não me lembrar quem) de haver um número limitado de licenças de fumo por munícipio, a leiloar por quem der mais, não me parece mal.

quanto ao facto, citado pelo daniel, de a multa para quem fuma em local público ser superior à imposta a quem conduz sob o efeito do álcool, não me parece inteiramente correcto: é que quem conduz sob o efeito do álcool pode sofrer inibição de conduzir e/ou ser criminalizado. não é comparável, creio.

o daniel (que ao longo do post tanto me trata por tu como por você, numa aproximação/distanciamento de curioso simbolismo) não tem é razão nenhuma quando diz que a lei tem sido criticada por ser desequilibrada. de um modo geral, daniel, a lei tem sido criticada porque impõe restrições ao fumar do tabaco. sobretudo por isso, e recorrendo, as mais das vezes, a argumentos ridículos.

como não tem razão quando me diz que dispensa a compaixão que manifestei pelos que têm o vício de fumar. não, daniel: o ponto é que tu, como todos os fumadores, contaram e continuam a contar com
a minha compaixão, como com a minha resignação. a que outra coisa senão à minha compaixão recorreste tu e todos os que fumam quando me perguntam, a mim e a todos os que não fumam (quando perguntam), se vos damos licença para fumar para cima de nós? a única situação em que a minha opinião sobre a tua opção não te deve interessar é quando não me estás a impor o teu fumo. a não ser que estejas a defender o totalitarismo. não estás, pois não, daniel?

ah, daniel, e continuo de acordo contigo em milhares de coisas e a prezar a tua opinião e até, inclusivamente, disponível para que, como de costume, me fumes para cima. quero é que doravante percebas que não é um direito que tens. é um direito que eu tenho, o de o permitir.
|| f., 13:58

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